quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Uma Crítica Inteligente...



“Histórias para Serem Contadas”
A nova montagem da Cia "Teatro Livre"
de Osvaldo Dragún com a direção de Tato Záttara


“Histórias para serem contadas” é uma farsa trágica que consta de um prólogo e três narrações breves:

História de um abscesso, uma mulher e dois homens

É a história de um vendedor ambulante que, enquanto trabalha, sofre com um abscesso e, desesperado, descobre que ele está sozinho com a sua dor, sem que ninguém se importe com ele.

História do homem que se transformou em cachorro

Nesta história, o desemprego e a necessidade de ganhar dinheiro para sustentar a sua família, fazem com que o protagonista acabe aceitando um emprego sub-humano: o de cachorro.

História de como o nosso amigo Zezinho Da Silva sentiu-se responsável pela epidemia de peste bubônica na África do Sul

Na última história, mostra-se como na sociedade capitalista o lucro econômico é mais importante que os valores humanos. O protagonista aceita menosprezar outros seres humanos em nome da manutenção da sua situação econômica.

Os argumentos são encenados por atores que apresentam a sua própria versão dos eventos que dramatizam, para criticar as relações socio-laborais existentes nas sociedades latino-americanas, desempenhando um papel de “jograis modernos”.

Nas “Histórias Para Serem Contadas”, a incorporação de elementos dramáticos que vêm da “Commedia dell´arte”, melhora a comunicação eficaz da mensagem ideológica, que é a denúncia da situação alienante do homem na sociedade atual. O emprego de elementos do teatro épico brechtiano (desdobramento do ator em personagem e técnica de distanciamento) contribui à destruição na mente do espectador da ilusão dramática. A questão dramática brechtiana nas Histórias, impede os sentimentos de identificação e catarse no espectador, conseguindo dirigir a sua atenção ao tema fundamental do drama: a desumanização e a massificação do homem nas sociedades materialistas urbanas.

Através do emprego de elementos estruturais do teatro do absurdo (a linguagem como instrumento de incomunicação) e do uso do humor (a ironia, a farsa e a sátira), as Histórias distorcem grotescamente a realidade para questionar a relação socioeconômica que tem o indivíduo com a sociedade urbana capitalista latino-americana da segunda metade do século XX.
Apresentação do grupo

A Cia. Teatro Livre nasceu no ano de 2006. O nome do grupo foi escolhido por vários motivos. Dentre eles podemos citar o fato de o significado da palavra LIVRE estar na essência do teatro, pois, TEATRO LIVRE foi o nome de um grupo considerado o primeiro grupo independente da história do teatro.

O primeiro espetáculo montado pela Cia. Teatro Livre foi “Lisístrata”, de Aristófanes. Depois de vários meses de trabalho, Lisístrata foi apresentada no Teatro Caballeros de Santiago, em Dezembro de 2006, com 07 (sete) apresentações e uma média de 90% de ocupação do teatro, participando também do “PANORAMA” organizado pela Sitorne – Escola de Teatro, em janeiro de 2007, junto com outros grupos de teatro de Salvador.

A segunda montagem do grupo é “Histórias para Serem Contadas”, de Osvaldo Dragún. A montagem surgiu depois de 6 meses de trabalho em oficinas internas de aperfeiçoamento atoral e experimentação das diferentes teorias e práticas teatrais. A Companhia realizou uma temporada de dois meses no Teatro da Barra com sucesso e foi convocada para o segundo encontro de grupos de teatro “PANORAMA” na Sitorne – Escola de Teatro em 2008. Além disso, o grupo participou do Festival Ipitanga de Teatro, em Abril de 2008, e da Bienal de Arte e Cultura da UFBA, em Maio do mesmo ano.
Atualmente a Cia. foi selecionada para participar do PRIMEIRO ENCONTRO LATINOAMERICANO DE TEATRO JOVEM - VENADO TUERTO - 2008, que vai acontecer na Argentina em Setembro.

A Cia. Teatro Livre é formada por: Alex Gurunga, Bruno Marcacini, Iaiá Pereira, Elvira Flávia, Letícia Martins, Mikele Rios, Vado Júnior, Vinícius Carmezim, Wilder Lopes e Tato Záttara.